Experimentos de Morgan
Thomas Morgan e seus colaboradores realizaram importantes experimentos com a Drosophila melanogaster, uma espécie de mosca-da-fruta. Esses experimentos comprovaram que os genes estão localizados nos cromossomas e que, em cada cromossoma, existem vários genes. Dessa forma, a "Teoria Cromossómica da Hereditariedade", proposta por Boveri e Sutton em 1902, foi finalmente aceita.
A Drosophila melanogaster possui características que a tornam um excelente modelo biológico para estudos genéticos:
São fáceis de alimentar e manusear.
São altamente fecundas, com uma fêmea podendo originar de 200 a 300 descendentes ao longo de sua vida.
Possuem um ciclo de vida muito curto, cerca de 12 dias, permitindo a obtenção de várias gerações em pouco tempo.
O macho e a fêmea podem ser facilmente distinguidos.
Possuem uma grande diversidade de formas, fáceis de identificar.
O cariótipo possui apenas quatro cromossomas: três pares de autossomas e um par de cromossomas sexuais, sendo o macho XY e a fêmea XX.
Vamos considerar o cruzamento de duas D. melanogaster de linhagens puras com características antagónicas:
Fenotipicamente: corpo cinza e asas longas x corpo negro e asas vestigiais.
Genotipicamente: PPVV x ppvv.
Os híbridos da primeira geração (F1) são todos genotipicamente PpVv e manifestam características dominantes, como previsto por Mendel para casos de diibridismo.
Entretanto, na segunda geração (F2), os resultados obtidos não correspondem exactamente aos previstos por Mendel. Segundo Mendel, deveriam surgir quatro classes fenotípicas, mas não é isso que se observa.
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| Cruzamentos com moscas da fruta Drosophila melanogaster. |
Morgan, ao cruzar um macho de corpo preto e asas vestigiais (genótipo ppvv) com uma fêmea de corpo cinza e asas longas (genótipo PpVv), observou que 50% dos descendentes apresentavam corpo cinza e asas longas, enquanto os outros 50% tinham corpo negro e asas vestigiais. A partir desses resultados, Morgan concluiu que o heterozigoto só produziu dois tipos de gametas: um portador dos alelos PV e outro portador dos alelos pv, uma vez que essas foram as combinações génicas expressas nos descendentes desse cruzamento.
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| Cruzamento teste de Morgan |
Dessa forma, concluiu-se que os genes V e P estão no mesmo cromossoma, ou seja, estão ligados, sendo transmitidos juntos à descendência, o que contraria a segregação independente postulada por Mendel.
Síntese
Thomas Morgan, através de experimentos com a Drosophila melanogaster, confirmou a Teoria Cromossómica da Hereditariedade ao demonstrar que os genes estão localizados nos cromossomas e que múltiplos genes podem estar ligados no mesmo cromossoma. Ao cruzar moscas com diferentes características fenotípicas e genotípicas, Morgan observou que os resultados da segunda geração (F2) não seguiam as proporções previstas por Mendel. Ele concluiu que os genes para cor do corpo e forma das asas estavam ligados, sendo transmitidos juntos, contrariando a segregação independente postulada por Mendel. Este experimento reforçou o conceito de ligação génica e a importância dos cromossomas na herança genética.


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